A base da economia era, então, a agricultura e a criação de animais. No entanto, em algumas épocas, houve conflitos entre as duas atividades, representados pelo choque entre grupos pastores - povos ainda nômades - e os agricultores - povos sedentários. Muitas vezes, as inúmeras invasões sofridas pelos reinos organizados eram resultado desse processo.
Nas cidades, geralmente sob o controle de templos e palácios, desenvolvia-se o artesanato, destacando-se a cerâmica, a tecelagem e o trabalho com metais e pedras preciosas como os setores mais importantes, que cresciam desde longa data.
O artesanato de luxo, produzindo jóias, tecidos finos e ricos, era praticado principalmente na região Sírio-Palestina e particularmente entre os fenícios, que eram também os principais fornecedores para os grandes reinos e impérios.
No decorrer do I milênio a.C., generalizou-se a metalurgia, principalmente a do ferro, que conferiu aos povos que a dominavam uma extraordinária superioridade bélica, em virtude da produção de armas muito mais resistentes do que as feitas de bronze ou pedras. A utilização do ferro para o fim militar parece ter sido iniciada pelos hititas e, mais tarde, largamente utilizada pelos assírios.
Além das atividades produtivas, agropastoril e manufatureira, havia o comércio, outra atividade tipicamente urbana e controlada pelo Estado.
A vinculação entre o comércio e o governo teve seu ponto alto nos reinos semitas da região Síria-Palestina. Os reis eram, antes de tudo, grandes mercadores. O rei Salomão, dos hebreus, é o exemplo clássico.
Os maiores comerciantes da Antiguidade foram, porém, os fenícios, que eram os grandes navegadores do mundo antigo. Eles faziam um comércio verdadeiramente mundial (no contexto da Antiguidade), na medida em que integravam, pela navegação, toda a orla mediterrânea e traziam para os seus portos os produtos e as matérias-primas existentes nos mais diferentes lugares, inclusive grande quantidade de escravos. As cidades fenícias podiam, assim, suprir todo o restante da Ásia e até mesmo o Egito.
Transporte de cedro do Líbano. Baixo-relevo do Palácio de Sargão II, ca. 713-716 a.C., Dur Sharrukin , Assíria
Enquanto os fenícios se destacavam no mar, os arameus eram os grandes distribuidores terrestres. O comércio terrestre de longa distância foi beneficiado pela montagem dos grandes impérios, que construíram extensas vias de comunicação (estradas). Além disso, criaram formas de organização e controle (inclusive defesa contra salteadores) das grandes rotas e caravanas, capazes de transportar as mercadorias para os lugares mais distantes, até mesmo para a Índia ou a China, conforme comprovam escavações mais recentes. No Império Persa, por exemplo, foram construídas estradas, como a que ligava Sardes, na Lídia, a Susa, no Elam, com cerca de 2400 km de extensão.
Ataque assírio a uma cidade com arqueiros e um aríete com rodas. Baixo-relevo do Palácio de Nimrud, ca. 865-860 a.C.
Nos grandes impérios, a própria guerra era, muitas vezes, mais uma empresa comercial do que política ou militar. Algumas campanhas eram levadas a efeito tendo em vista os espólios (saques) de guerra. A conquista militar era também uma conquista econômica, representada pelo confisco dos bens e das propriedades das populações dominadas. Prisioneiros eram transformados em escravos e havia sempre a imposição de tributos, que os povos conquistados, ou seus soberanos, deveriam pagar periodicamente sob a forma de presentes aos conquistadores.
Representação de Hoshea, rei de Israel, pagando tributo ao rei Shalmaneser
III da Assíria (2 Reis 17:3). Obelisco negro de Shalmaneser III de
Nimrud, ca. 827 a.C.
Foto: Steven
G. Johnson
A guerra também tinha um sentido econômico na medida em que beneficiava a classe dos militares: os soldados, além de receberem parte do saque, passaram a ser recompensados com a propriedade da terra e de escravos. Além disso, muitos militares passaram a integrar os privilegiados quadros de altos funcionários do governo.
Mas mesmo o comércio, propriamente dito, era vinculado ao Estado.
NEVES, Joana. História Geral - A construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 77-78.
NOTA: O texto "Atividades produtivas no mundo antigo oriental" não representa, necessariamente, o
pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a
construção do conhecimento histórico.
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