Monumento às Bandeiras, Víctor Brecheret
O Monumento às Bandeiras, localizado ao lado do Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, é uma obra de Victor Brecheret (1894-1955). Foi inaugurada em 25 de janeiro de 1953 para comemorar o aniversário da fundação da cidade, embora tenha sido planejada trinta anos antes. Com 12 metros de altura, 50 de extensão e 15 de largura, representa uma expedição bandeirante subindo um plano, com dois homens a cavalo.
Podemos entender o sentido primordial do monumento observando os elementos que o constituem. Dois homens montam cavalos. Uma das imagens representa o chefe português, e a outra, o guia índio. Atrás deles, há um grupo formado por índios, negros, portugueses e mamelucos, que empurram um grande barco, usado pelos bandeirantes nas expedições pelos rios.
As raças podem ser identificadas por detalhes nas estátuas: os portugueses apresentam barba; as figuras nuas, com uma cruz ao pescoço, são os índios catequizados. Orientada em direção ao sertão, a grande escultura representa movimento desbravador: a saga dos bandeirantes. Assim, por associação, esse grupo, constituído por desbravadores portugueses, índios e escravos, é fundador da ordem que deu origem à cidade.
Esse elogio foi esculpido por um modernista, ou seja, um artista engajado no Movimento de Arte Moderna, que em 1922 projetou São Paulo no cenário artístico e cultural brasileiro. A Semana propunha uma arte que não fosse mera reprodução da natureza, como a que buscava o neoclassicismo, mas que resultasse de uma liberdade de pesquisa estética, deixando entrever uma tomada de consciência da realidade nacional.
Hoje podemos questionar a visão sobre a fundação da cidade evocada pelo monumento. O artista valorizou positivamente a atuação dos bandeirantes e não considerou o fato de ela ter significado a exploração e a submissão de índios e negros. O monumento elogiou a valentia, a coragem e o heroísmo, mas pode guardar também a memória de seus opostos: a ordem da cidade fundou-se na violência, na injustiça e na exploração.
PEDRO, Antonio; LIMA, Lizânias de Souza; CARVALHO, Yone de. História do mundo ocidental. São Paulo: FTD, 2005. p. 452.
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