ϟ●• A história: noção e significado •●ϟ

ϟ●• O mundo pré-histórico •●ϟ

ϟ●• O mundo antigo •●ϟ

ϟ●• O mundo africano •●ϟ

ϟ●• Mitologia •●ϟ

ϟ●• O mundo medieval •●ϟ

ϟ●• O mundo moderno •●ϟ

ϟ●• O mundo contemporâneo •●ϟ

ϟ●• O mundo americano •●ϟ

ϟ●• Terra brasilis •●ϟ

domingo, 14 de setembro de 2014

Os celtas

Gauleses avistam Roma, Évariste Vital Luminais

Os celtas eram um grupo diversificado de povos da antiga Europa, ligados pela mesma língua, religião e cultura. Guerreiros ferozes e artistas talentosos, foram a primeira e maior civilização da Idade do Ferro. A história celta ocorreu em três estágios. Os primeiros celtas surgiram a partir da cultura dos campos de urnas do norte dos Alpes, no meio do segundo milênio a.C. Entre 1000 e 600 a.C., grupos desses celtas começaram a migrar e levar a cultura dos campos de urnas pela Europa ocidental até o norte da Espanha.


Costume celta, Paolo Boncomagni.
Arquivo Pietra Pensa

- Cultura de Hallstatt. O segundo estágio da cultura celta, batizado com o nome da aldeia de Hallstatt, na Áustria, onde se encontraram muitos túmulos e artefatos, começou por volta de 1200 a.C. Hallstatt foi uma das primeiras culturas da Europa a usar o ferro e se caracterizou pelas fortalezas em morros e pelos funerais elaborados da elite. Entre os anos 700 e 500 a.C., espalhou-se por França, Espanha, Portugal, Alemanha, Países Baixos e o sul da Grã-Bretanha.


Costume celta. Paolo Boncomagni. 
Arquivo Pietra Pensa

- Cultura de La Tène. O terceiro e último estágio da histórica celta, conhecido como cultura de La Tène, desenvolveu-se a partir da cultura de Hallstatt na França e na Alemanha por volta de 450 a.C. A cultura de La Tène é famosa pelo estilo artístico chamado curvilíneo, usado para decorar armas, joias e outros artefatos cuja superfície era gravada com curvas, espirais e círculos abstratos e simétricos. Por meio de comércio e migrações, a cultura de La Tène se espalhou pela Europa ocidental e central (além da Espanha) e chegou à Grã-Bretanha e à Irlanda por volta do ano 400 a.C. Na Espanha, formou-se a cultura “celtibérica” distinta.


Costume celta. Paolo Boncomagni.
 Arquivo Pietra Pensa

- Invasões. Por volta de 400 a.C., os celtas invadiram o norte da Itália e a região do baixo Danúbio. No norte da Itália, seus ataques enfraqueceram muito a civilização etrusca. Os celtas se estabeleceram no fértil vale do Pó, região que, a partir daí, passou a ser chamada de Gália Cisalpina (Gália sendo o nome romano da terra dos celtas). Depois, eles marcharam para o sul e sitiaram Roma até que os romanos pagaram um resgate para que fossem embora.

Os celtas do baixo Danúbio começaram a avançar para o sul e entraram nos Bálcãs e na Grécia no início do século III a.C. Atacaram Delfos e conquistaram o reino helenístico da Trácia. Daí, três tribos celtas migraram para leste e se instalaram no centro da Anatólia, de onde partiram invasões aos reinos vizinhos.


Costume celta. Paolo Boncomagni. 
Arquivo Pietra Pensa

- Declínio. O ponto alto da cultura celta ocorreu do início a meados do século III a.C. A partir daí, eles começaram a sofrer pressões dos romanos, gregos e cartagineses e passaram firmemente à defensiva.

Na década de 230, os cartagineses começaram o processo de expulsar da Espanha os celtibéricos, processo continuado pelos romanos depois de derrotarem os cartagineses em 206. Os celtibéricos se agüentaram no noroeste da Espanha até caírem sob o domínio romano em 19 a.C. Os gregos expulsaram os celtas da Anatólia central em 230 e da Trácia por volta de 220.

A partir de 225, Roma começou a atacar a Gália Cisalpina. Os celtas resistiram até 192, quando foi esmagada a sua última base em Bonomia (a moderna Bolonha). Entre 58 e 51 a.C., o general romano Júlio César venceu os celtas da Gália. Os celtas da Panônia (a Hungria moderna) foram derrotados em 9 a.C. Só restava, então, um pequeno enclave de celtas independentes na Europa continental, situado na Alemanha, ao norte do Danúbio.


Costume celta. Paolo Boncomagni. 
Arquivo Pietra Pensa

- Grã-Bretanha e Irlanda. Aos poucos, os celtas da Europa continental se romanizaram e sua identidade começou a desaparecer. No entanto, a cultura celta continuou a prosperar na Grã-Bretanha até a invasão romana, em 43 d.C. Embora dominassem boa parte da Grã-Bretanha, os romanos nunca conseguiram subjugar as extremidades norte e oeste – Cornalha, País de Gales e Escócia -, onde as tradições celtas sobreviveram e sua língua continuou a ser falada. Depois que o domínio romano terminou em 410, a arte La Tène reviveu na Grã-Bretanha, agora sob forte influência dos estilos artísticos anglo-saxão e romano tardio.

Os romanos nunca chegaram à Irlanda e os celtas irlandeses ficaram relativamente tranquilos durante o período romano. No século V, um cristão chamado Patrício levou um grupo de celtas à Irlanda e lá criou uma igreja, Em 600, a Irlanda era o centro cultural do cristianismo celta e mandava missionários para a Grã-Bretanha e Europa.


Costume celta. Paolo Boncomagni. 
Arquivo Pietra Pensa

- Sociedade. Os celtas eram um povo tribal e algumas tribos se organizavam em federações. As tribos eram governadas por um chefe com o apoio de uma elite guerreira e uma classe sacerdotal, os druidas. Os druidas realizavam os ritos religiosos, julgavam criminosos e aconselhavam o chefe. A maioria vivia em pequenos povoados cercados de terra agrícola. No século II a.C., os celtas passaram a construir povoados maiores e fortificados chamados oppida que serviam de centros comerciais e às vezes administrativos. Pareciam estar à beira de criar uma civilização complexa própria, com o desenvolvimento de grandes cidades, cunhagem de moedas e escrita, quando foram conquistados pelos romanos.

WOOLF, Alex. Uma Nova História do Mundo. São Paulo: M.Books do Brasil, 2014. p. 76-77.

NOTA: O texto "Os celtas" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário